A evolução dos bits

13:17 , 0 Comments

Disponível em pinterest

      Entre soldas, consoles de videogames empilhados em prateleiras, gabinetes vazios de computador, e peças eletrônicas espalhadas é possível encontrar o técnico em eletrônica Jeferson Luiz Branco, que atende com tranquilidade quem chega. Seu estabelecimento se localiza próximo ao shopping Palladium. Se ao visualizar o nome da loja ainda restam dúvidas do que se trata, a placa no interior com desenhos de personagens famosos do gênero, como  Super Mario, e imagens de consoles deixa claro de que é um local especializado em videogames. Jefferson lembra que a primeira vez que teve contato com jogos foi no antigo shopping Mitaí, onde ficava uma loja de videogames.

Nos 18 anos que trabalha com jogos, o técnico conta que já passou por pelo menos dez pontos comerciais na cidade e que está há três anos no endereço atual. “Comecei a trabalhar na XV de Novembro quando o fliperama Radical Games ainda estava em atividade, compartilhávamos o público”, diz. Até 2002, além de oferecer conserto de consoles, a Future Games também era uma locadora de jogos, com videogames disponíveis para uso. O fortalecimento das lan houses causou falta de público e foi um dos fatores que o incentivou a continuar apenas com a parte de assistência técnica. Com o passar dos anos, vários estabelecimentos que ofereciam o serviço de jogos de videogame repetiram o mesmo processo.

 O fechamento das locadoras de jogos foi um dos incentivos que levaram a formação do primeiro clube de videogame da cidade, o Ponta Grossa Digital Club (PGDC). O grupo foi criado por amigos que participavam dos campeonatos de Pro Evolution Soccer (PES) organizados pelas lojas de videogame, que com o fim das locadoras, não teve outra escolha a não ser montar seus próprios campeonatos. O clube tem 20 membros fixos e em dias de campeonatos mais de 60 participantes. 

Fora isso, os membros já participam de eventos fora da cidade, como o último campeonato que acontecerá nos dias 15 e 16 de setembro, em Curitiba. Henrique Leonardi, presidente do clube, conta que no início a participação nos jogos intermunicipais era inexpressiva, mas que com o passar do tempo chegaram inclusive a disputar pênaltis para as finais. Para treinar, os membros se dirigem até uma locadora na Palmeirinha. Segundo Henrique, faltam locadoras em Ponta Grossa.

Jeferson, coleciona videogames que saíram de linha, como o Megadrive II, e também se encontra com amigos que partilham o mesmo gosto por videogames antigos. O acervo contém consoles como o Gemini, o primeiro com cartucho, o Odyssey um dos primeiros fabricados, e o clássico Atari, famoso por jogos como Asteroids, River ride, enduro, pacman, e no Brasil, o Pelé Soccer.

O técnico conta que conserta em média de 10 a 15 aparelhos por semana, a maioria deles Playstation 3, o videogame que mais dá problema entre os da nova geração. Para ele, isso acontece porque é um console que está à frente do seu tempo. “Quando foi lançado, o Playstation 3 era superior em processamento de dados ao computador mais avançado no mercado”, explica. O também técnico em eletrônica, João Ostrovski Junior, considera que os aparelhos para o conserto do Playstation 3 são de ponta, já que é preciso ter uma estação de solda para conseguir mexer nele. 

Quando os videogames antigos estragavam, era costume tentar resolver sozinho, mas quando não tinha jeito os produtos eram levados nas eletrônicas da Av. Comendador Miró. “Era comum estragar os Joysticks do Atari e Dactar, pela força que tínhamos que fazer para movimentar os personagens dos jogos”, conta o professor de Física da Universidade Estadual De Ponta Grossa, Ricardo Sovek Ayarzabal. João afirma que os videogames antigos eram mais robustos, por serem estáticos. “Se eu fosse viver de conserto de Atari na época iria morrer de fome”, conta.


O interesse por videogames antigos é um comportamento que se tornou recorrente nos últimos anos. Jeferson conta que vendeu sete fitas de Megadrive nas últimas semanas, para ele, grupos do facebook como o “Mercadão UTFPR/UEPG” e “Mercadão PG”, além de blogs especializados como o que ele próprio mantém sob o nome da loja, são grandes colaboradores para a volta dos consoles clássicos. O técnico também explica que a qualidade gráfica dos jogos de hoje pode ser um fator que influencia nessa volta. “As pessoas estão tão acostumadas com a realidade dos jogos de hoje, que os videogames antigos se tornam interessantes”, diz.


*Texto publicado originalmente no jornal laboratorial Foca Livre em 2012, e posteriormente no site Cultura Plural.

Unknown

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

0 comentários: